Olá ! Sejam bem vindos ao Lendo e Sendo , neste portal estarei indicando leituras , filmes, eventos, links, saudáveis aonde você poderá ler e ser alguém melhor em sua vida ! Quem lê mais , escreve melhor e comprende o universo de forma mais abrangente ! Ler é Ser , porque cada palavra ou imagem que lemos e que entra em nossa cabeça nos alimenta os pensamentos e sentimentos transformando o nosso ser, ampliando os nossos horizontes , por isto é muito importante escolhermos bem o que vamos ler, assistir e digerir em nossos pensamentos e sentimentos, uma boa leitura nos leva a uma viagem no tempo, nos traz na imaginação cores, sabores, cheiros, emoções, sentimentos, sensações e tudo isto fica fazendo parte de um tesouro que você poderá levar para onde você for e dar pra quem você quizer sem perder nenhuma grama dele, Legal Né? Então embarque nessa ,
mergulhe neste oceano de conhecimento universal , seja feliz e boa viagem !
Abraço , Profa. Érica monteiro

terça-feira, 13 de abril de 2010

VIRTUDES ( Eva Furnari)

Dizem que há cinco virtudes no mundo:
sabedoria, justiça, respeito, honestidade e benevolência.
Antigamente, no tempo de nossos pais e avós, essas virtudes eram cultivadas em casa. A igreja estava por trás e pregava os bons costumes. Idosos deviam ser respeitados, o pai era o chefe, sabia das coisas, a escola exigia disciplina. Havia regras para tudo: como falar, como comer. Palavrões nem pensar e colocar os cotovelos na mesa era feio. Estava tudo tão claro que não precisava nem explicar.
Nosso mundo, porém, está em constante mudança e nas últimas décadas, houve grandes alterações sociais, econômicas e tecnológicas. A fé em Deus transformou-se em fé na ciência. Deus e o Diabo foram aparentemente depostos e com isso o Céu e o Inferno deixaram de ser prêmio e punição.
O conhecimento da psique trazido pela psicologia teve um efeito fundamental na educação. Trouxe consigo mais consciência, flexibilidade e compreensão. Houve, porém, efeitos colaterais inevitáveis. De uma forma estereotipada e simplista pais e professores foram tomados pelo medo de traumatizar as crianças. Os educadores em geral deixaram de dar tantos limites e regras, talvez na ilusão de não causar sofrimento a elas, como para poupá-las do lado mais duro da vida. Generalizou-se a noção de que dar amor é proporcionar diversão, lazer e conforto material. Esqueceu-se de que tudo tem dois lados.
A formalidade foi, em grande parte, abandonada. As virtudes se tornaram coisas antiquadas, obsoletas e o controle das emoções e dos desejos foi largamente afrouxado.
Toda essa mudança na educação teve suas conseqüências boas e más. Se por um lado a educação atual proporciona o desenvolvimento da agilidade mental e criatividade, gerando jovens criativos e inteligentes, por outro peca na formação humana, gerando jovens com insuficientes valores de respeito e compaixão.
Muitas crianças passaram a ocupar um espaço grande demais, que não lhes pertence, e passaram a ter um poder inadequado nas mãos. Há até aquelas que chegam a mandar nos pais. São crianças órfãs, com excesso de liberdade, com desorganização interna, paradoxalmente escravas de suas próprias emoções.
E agora nós, educadores, nos perguntamos, como é possível errar com tanto amor e tão boas intenções?
Vemos que é necessário entender o que acontece. Será importante, nos dias de hoje, não colocarmos os cotovelos na mesa? Não, isso agora não tem grande valor. Será que é importante respeitar os mais velhos? Sim, sabemos que isso ainda é importante. Estamos num momento de ressignificação dos nossos valores, para que reavaliemos os que são essenciais, verdadeiros e saudáveis.
Agora somos seres mais completos, sabemos mais de nossa sombra e nossa luz. Conhecendo melhor nossas emoções, temos mais liberdade, mais intimidade e não queremos perder essa conquista. É bom conhecer as próprias emoções, não negá-las, mas é bom saber que existem formas adequadas de manifestá-las.
E como encontrar um jeito bom de ensinar as crianças a ocuparem o próprio espaço e respeitar o do outro? Como despertar a consciência da coletividade, da compaixão? Essa é uma tarefa de todos nós, é um caminho que se faz espontaneamente se nossas intenções são sinceras. Nós, educadores, estamos revirando nosso lixo, revendo algumas regras que jogamos fora e que queremos de volta. As respostas a essas perguntas tão complexas serão encontradas à medida que conhecemos e estudamos mais sobre nossa própria natureza. As crianças de hoje são muito espertas, livres, e o melhor argumento que nos restou foi a verdade.
A escola muitas vezes tem a ingrata tarefa de substituir a família ausente ou despreparada. O professor é o grande herói dos dias de hoje, pois a despeito das difíceis condições de trabalho, sua paixão supera tantas dificuldades.
Nessa incrível missão de educar, há momentos em que o professor se une ao escritor e a alquimia acontece.
O livro infantil, que aparentemente é o espaço do sonho, é na verdade o espaço de discussão da realidade. As fadas, as bruxas, a força dos heróis, a crueldade dos bandidos são formas simbólicas de falar de nós mesmos.
O professor se apropriou sabiamente desse espaço para discutir as questões humanas. O professor, usando o trabalho do escritor, pode comover, esclarecer, alertar, dar esperanças, fortalecer a fé. É como educar com arte. As ferramentas são a poesia, as metáforas, a estética, a palavra. Ferramentas essas que podem abrir as portas do coração.
Um bom livro fala da natureza do humano e fala direto ao coração e por isso mesmo ele pode despertar a consciência e cultivar virtudes como a sabedoria, justiça, respeito, honestidade e benevolência.
O livro infantil é um espaço precioso e o professor é o mensageiro que o leva até a criança e está junto com ela nessa aventura.